Aquele ronco era inconfundível. Era raro alguém ainda ter um carro que possuía escapamento de puma. Aquela fora a terceira vez que Ana passava pela rua onde moro. Dei de ombros e relaxei. Ela havia de se conformar. Tudo já estava esclarecido e o fim de nosso relacionamento era fato consumado.
Passado uma hora, percebi
novamente sua aproximação. Subitamente, minha paciência se esvaiu e fui até o
portão a fim de dar uma basta na situação. No trajeto, ouvi um estrondo
medonho. Corri e ao chegar ao portão, presenciei a cena que ficaria para sempre
em minha memória. Ana havia colidido de frente com um caminhão. Fiquei
paralisado, enquanto observava sua cabeça pendida para o lado, completamente
imóvel. Seu rosto estava pálido e seus olhos esbugalhados. Em seguida, a
vizinhança ligou para a emergência e concentraram-se em volta do acidente. Ouvi
alguém gritar que ela não tinha os sinais vitais.