Deu a partida. O motor
rateou. Seu coração ameaçou parar, mas o carro funcionou. Pisou com vontade no
acelerador e a fumaça preta tomou conta da rua. Sério, encarou o vendedor por
alguns segundos, mas logo abriu um sorriso. De dentro do Chevette 1977 entregou
para o homem o dinheiro embrulhado em um jornal e saiu devagar com o carro. Ao
passar em uma lombada teve a impressão de o pára-choque ter caído. Seguiu em
frente e constatou pelo retrovisor que nada havia ficado para trás. A cem
metros do semáforo pisou no freio e percebeu que se não quisesse passar medo deveria
frear com mais antecedência. No aclive, o carro quase cedeu, mas conseguiu
subir em primeira marcha com a rotação alta, quase a explodir o motor.
Ao chegar em casa, a esposa
estava à espera. Ele saiu orgulhoso do Chevette e entrou na casa. Ela, apenas balançou a cabeça negativamente e
voltou a varrer a calçada. Quando ele voltou, estava munido do velho
equipamento de pesca.
- Vou passar na casa do Zé,
do João e do Paulo. Não tenho hora pra voltar – disse ele.
- A mulher já conformada perguntou:
- Esse carro aguenta tanta
gente?
E a imagem do aclive veio
imediatamente a sua cabeça.
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