sábado, 22 de dezembro de 2012
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
sábado, 15 de dezembro de 2012
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
TEMPO
Está tão difícil seguir em frente
Que dá até vontade de parar
Não agüento a voz a gritar: tente
Não desista, não pare de lutar.
Estou precisando me dar um tempo
Procurar bem lá no fundo a paz
Que até foi levada pelo vento
Mas já não consigo correr atrás.
É preciso dar um passo por vez
Aprendi isso depois de maduro
Com o tempo se deve ser cortês
DE REPENTE O AMOR
Sei que deslumbrado já estava
Com a beleza exterior
Porém eu jamais imaginava
Encontrar um ser superior
Sei que preocupado procurava
Igual a um cão farejador
Entretanto eu não suspeitava
Que te veria no corredor
Sei que ocupado eu andava
Parecendo empreendedor
Mas o meu espírito vagava
Como o de um velejador
Mas todo o vazio que comandava
Foi atropelado por trator
E naquela tarde eu encontrava
Todo o sentido do amor
VISITA INTERIOR
Entre, mas deixe a porta entreaberta
Pode ser que você se assuste com que irá se deparar
Veja se consegue suportar o cheiro de mofo
Em instantes sua retina se acostumará com o breu
Só tenha cuidado pra não tropeçar na bagunça esparramada pelo chão
Não se espante. Tudo isso não foi causado por um tornado, pois tudo aqui é muito lento.
As horas aqui dentro duram quase que uma eternidade.
É tudo tão monótono.
E aí, não vai correr?
Vai mesmo ficar?
Está disposta a pagar esse preço?
Pois bem, mãos a obra.
O amor já esperou demais.
RÁPIDA REFLEXÃO
Mas por que raios estou correndo tanto?
E essas mãos trêmulas que já não tem mais firmeza.
Estabanação, Palpitação, aceleração.
Pra que mesmo?
A eterna ânsia de chegar.
Mas chegar aonde?
Olha só, não estou sozinho! Quantos atletas me fazem companhia!
São atletas ou usurpadores do meio reino?
Meu reino de inquietudes e angústias.
Vou logo terminando por aqui, pois o tempo urge.
AMIGO DO PEITO
- E aí Chico, tudo tranqüilo?
- Meu amigo! Estou feliz demais. Lembra aquele Kadet que eu estava doido pra
comprar?
- Sim me lembro - respondi temeroso com o que viria pela frente.
- Pois é cara, comprei ontem. O Geraldo facilitou a forma de pagamento.
Eu não podia acreditar que meu amigo, além de fazer essa besteira de adquirir
uma lata velha, ainda por cima comprou a prazo e o pior, ainda estava feliz.
- Só não vou dar uma churrascada lá em casa pra comemorar porque fiquei duro –
disse- me o infeliz.
- Fico feliz em saber que você realizou o seu sonho.
- Passa mais tarde lá em casa pra ver a máquina.
- Pode deixar Chico, daqui a
pouco eu vou lá ver.
- Até daqui a pouco.
- Até mais Chico.
Duas horas depois, estava eu presenciando Chico e seu orgulho radiante.
Realmente era impressionante o entusiasmo com que ele me apresentava cada
detalhe obsoleto daquela “máquina”. Sinceramente, pensei até que Chico
estivesse
- Vamos dar uma volta?
- Vamos – aceitei o convite já me arrependendo.
Saímos por aquelas ruas vizinhas com Chico parecendo um penta campeão desfilando
em cima do carro do corpo de bombeiro. Não havia uma só pessoa que não tivesse
lhe dado os parabéns. Confesso que aquilo já estava me dando nos nervos.
Quando chequei em casa, peguei a chave do meu Corolla e me dirigi até a garagem.
Dei uma volta em torno do carro e comecei a observar detalhes que nunca havia
dado atenção. Era impressionante como sua pintura reluzia naquela garagem.
Passei a mão sobre os pneus e senti os pelos ali praticamente intactos. Entrei
em seu interior e senti que o banco estava até mais confortável do que nunca.
Dei a partida e com uma brusca acelerada me arrepiei ao ronco suave do motor.
- Isso sim é carro! – falei em voz alta.
No dia seguinte, passei novamente na casa de Chico e lá estava ele, encerando a
pintura gasta do Kadet.
- E aí Edgar, viu como está ficando bonito meu carro?
- Isso vai dar trabalho hein, até tirar essas manchas da lataria.
- É, mas vale o sacrifício.
Fiquei na companhia de Chico por uns quarenta minutos, presenciando aquele
autoflagelo, pois as manchas insistiam em não sair.
Pensando bem, acho que o flagelo maior era o meu, pois não conseguia
compreender como podia um cara ter tanta satisfação numa coisa que nem dava pra
chamar de bem material, enquanto eu que estava infinitamente em melhores
condições financeiras, não conseguia me dar por contente. Sempre achava que me
faltava algo.
Despedi-me de Chico e resolvi afastar-me dele por um tempo, até entender esse
sentimento que me abatia.
Passado um tempo, encontrei pelas ruas o Zé Roberto. Ele me informou que no dia
anterior, Chico havia sido roubado e espancado por um ladrão que estava
encapuzado. O bandido o deixou quase desfigurado e em coma, ainda por cima
levou seu carro e em seguida ateou fogo naquele que era o xodó de Chico.
Despedi-me de Zé Roberto e de repente me veio outra crise de espirro e a única
coisa que me passava na cabeça era:
- Maldita hora em que fui usar aquele capuz!
O INOCENTE
Primeiro dia de serviço, hora do almoço, me dirijo até o refeitório para cortar um mamão e pro meu desconsolo, não encontro uma faca se quer naquele lugar abarrotado.
Não deu outra:
- Cabra do norte não presta
Facas foram sacadas imediatamente.
- Repete o que você acabou de falar – disse um senhor com cara de poucos amigos já com a faca em meu pescoço.
- Cabra do norte não presta, pois comprei uma e não deu leite. A propósito, me empresta a faca.
VOCÊ
Ontem você foi minha esperança
Hoje você é meu desgosto
Ontem você foi minha segurança
Hoje você é um encosto.
Ontem você foi minha alegria
Hoje você é minha tristeza
Ontem você foi minha energia
Hoje você é minha fraqueza
Ontem você foi minha princesa
Hoje você é assombração
Ontem você foi minha defesa
Hoje você é minha perdição.
CRENÇAS
Todas as minhas crenças estão abaladas.
E pasme, está sendo tão bom.
É como renovar o guarda roupa.
É como se um daltônico percebesse outras cores.
É como se de repente o fracasso pudesse ser entendido como um estágio.
E não como um entrave no caminho de um obstinado.
Todas as minhas crenças já me ajudaram um dia.
Mas foram úteis por apenas um dia.
E não para perdurarem por toda a minha existência.
PAZ
De repente, uma clarividência.
De repente, um doce torpor.
De repente, surgiu a paciência.
De repente, extinguiu o rancor.
De repente, a luz se acendeu.
De repente, o horizonte se abriu.
De repente, a esperança nasceu.
De repente, o coração que sorriu
domingo, 25 de novembro de 2012
sábado, 24 de novembro de 2012
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
domingo, 28 de outubro de 2012
O Sogro
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Catarse
sábado, 20 de outubro de 2012
Libertação
Ao
sair da igreja, notou que não sentia seus pés. O vento soprava intensamente
indicando que estava por emergir um dilúvio. Eugênio não se deteve e continuou
seu trajeto preferindo até que chovesse para limpar de vez sua alma que já se
encontrava quase alva. Sentia-se flutuar sobre a calçada com seus passos
cadenciados. A alegria enfim havia lhe tomado por completo.
Passando
em frente a um sobrado, ouviu gritos de uma mulher clamando por socorro. A rua
estava deserta. Eugênio ficou estático por alguns segundos diante da casa. Os
gritos acompanhados de pancadas foram se aproximando do portão. E ele
rapidamente pensou:
-
Quer saber, não tenho nada a ver com isso. Custei para me libertar daquela
agonia e agora que me sinto bem não vou botar tudo a perder.
E
saiu resoluto, esquecendo-se das palavras que mais ouvira naquela noite:
Compaixão.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Um daqueles dias em que São Paulo parou.
terça-feira, 12 de junho de 2012
Família
sábado, 28 de abril de 2012
O incrível caso do homem que substituiu o coração por um de papel e plástico.
quinta-feira, 12 de abril de 2012
Dividindo-se
Trancou-se
no banheiro e deixou jorrar o pranto. As paredes, suas únicas testemunhas,
refletiam o som abafado de seu gemido. Ele tentava se recompor, mas não havia
jeito de controlar toda aquela emoção. Do nada, esmurrou a parede com força sem
se quer sentir dor. O ódio lhe roía as entranhas e por pouco não foi ao
encontro de seu algoz. Passado alguns instantes, sentado com a cabeça entre as pernas,
sentiu-se mais sereno. Respirou profundamente e aos poucos foi recuperando o
equilíbrio. Enxugou as lágrimas, lavou o rosto e ficou ali em frente ao
espelho. Repentinamente lhe veio uma vontade estranha de conversar com seu
reflexo.
-
É meu caro, você está chegando ao fim da linha. Não tem mais para onde correr.
É preciso tomar uma atitude e mudar tudo a sua volta.
E
após um longo “diálogo”, teve a sensação de sentir-se dividido em dois. Era
como se fossem dois Cristianos. Por fim chegou à conclusão que um deles precisava
descansar e sair de cena, o outro, cheio de energia, sem passado algum e sem perspectiva
alguma assumiria o posto.
E
a partir daquele momento, quaisquer críticas, desaforos e agressões sofridas,
eram sumariamente destinados ao Cristiano um. Ele, o dois, não tinha
absolutamente nada com aquilo e como estava apenas de passagem, estava adorando
toda aquela novidade. Como não havia um passado, o Cristiano dois era mais
leve, enxergava tudo colorido, era tudo tão novo, tão surpreendente que ele não
entendia como o Cristiano um encontrava tantas dificuldades em viver bem.
Mas
a melhor parte era ver o Sr. Mário, seu algoz, que tinha como prazer humilhá-lo
preferencialmente em público, ficar com aquela cara de interrogação ao ver que
sua vítima não o levava mais a sério. O Cristiano dois até se divertia com tudo
aquilo.
Mas
um certo dia, o Sr. Mário conseguiu se superar e eis que adentra abruptamente
no banheiro o Cristiano dois e em frente ao espelho e clama desesperadamente
pelo três.
sábado, 7 de abril de 2012
A esperança é a última que morre.
Olhou-se no espelho do banheiro e percebeu um vinco em sua testa. As olheiras estavam bem destacadas e suas pupilas baixas davam à sua face um ar de alguém que desistira de viver. Pensou em voltar para a cama, mas logo mudou da ideia. Resignadamente abriu o guarda roupas e começou a se vestir. Dirigiu-se até a cozinha e serviu-se do café frio do dia anterior enquanto observava pacificamente seu fogão coberto por uma mistura de óleo com farinha de trigo. Por optar em usar pratos e talheres descartáveis, não havia louças sujas. Quando abriu a porta que dava para o quintal, surpreendeu-se com que viu. Suas plantas estavam secas e haviam muitas folhas caídas pelo chão. Mas o que o chocou, foi ver seu cachorro que estava totalmente esquelético e que de tão fraco nem se quer foi capaz de levantar-se para dar seus típicos pulinhos de alegria. Além disso, seu quintal estava repleto de fezes do seu cão e o odor delas provocava tamanha ânsia, que ele conseguiu vomitar apenas a bile, graças a seu estômago vazio. Sentiu-se tomado por um enorme desgosto, mas ao mesmo tempo, percebeu que ele não era assim tão inútil como muitos diziam. Suas plantas e seu cão dependiam dele para viver. Pensando assim, saiu pelas ruas pisando firme e cheio de dignidade, em busca de uma boa ração para seu cão.
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Tiro e Queda
Clemente por sua vez, só ouvia aquela lamúria que já se estendia por semanas.
—Você também não me ajuda em nada, só fica aí com essa cara de bunda. Fale alguma coisa homem!
Clemente olhou no fundo dos olhos daquela mulher amargurada, esticou o braço até a gaveta da escrivaninha a abriu bruscamente tirando de lá um revólver calibre 38.
—Pegue. Isso aqui é tiro e queda.
Apartamento Macabro
Levantou-se subitamente e aproximou-se do parapeito da janela. Ficou alguns instantes observando a vista de São Paulo enquanto tragava o cigarro que fazia parte de uma das restrições de seu médico. Foi até o bar do apartamento e se serviu de uma dose generosa de uísque. De volta ao parapeito, tragou com toda sua força o cigarro, bebeu de uma só vez o uísque e se lançou através da janela.
O misterioso hospede suicida foi encontrado em minutos por um faxineiro que estava varrendo o jardim. O estado do corpo lembrava um patê com osso. Imediatamente, o faxineiro comunicou o ocorrido ao gerente do hotel e esse sabiamente intermediou a remoção do corpo com absoluto sigilo para não marcar negativamente seu hotel e também para atender ao pedido da família.
Jaime era um influente político do estado de Goiás e sua família era bem abastada. Eles não sabiam o motivo pelo qual Jaime tinha vindo a São Paulo. Mas ao consultar sua agenda, logo ficaram estarrecidos ao saberem que ele estava doente e em fase terminal.
O apartamento ficou interditado para perícia por uma semana e logo que foi reaberto um hospede escorregou na banheira e fraturou a bacia. O seguinte, quase foi atingido por uma bala perdida, fruto de uma briga de casal do prédio vizinho. O terceiro teve uma overdose fulminante.
O gerente que era uma pessoa espiritualista desconfiou das coincidências e subiu até o apartamento. Ao adentrá-lo, teve um mal súbito que lhe arrepiou da cabeça aos pés, lembrando um gato acuado por um cão. Desceu rapidamente e ligou para seu benzedor.
Duas horas depois, o benzedor e o gerente do hotel dirigiram-se ao apartamento. Mas o gerente evitando passar mal, optou por esperar do lado de fora. Após vinte minutos de absoluto silêncio, começou a achar estranho. Criou coragem e entrou. De cara, avistou a janela aberta e as cortinas agitando-se violentamente devido ao vento. Respirou fundo e foi até o parapeito. De lá, viu seu benzedor esparramado pelo chão.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
CORAÇÃO E MENTE
É presa fácil da mente.
Que o submete em apuro.
Deixando ele descrente.
Mas eu também não sou santo.
Exterminei as projeções.
Para Findar o meu pranto.
E encerrar as ilusões.