terça-feira, 3 de maio de 2016

Frieza



Aquele ronco era inconfundível. Era raro alguém ainda ter um carro que possuía escapamento de puma. Aquela fora a terceira vez que Ana passava pela rua onde moro. Dei de ombros e relaxei. Ela havia de se conformar. Tudo já estava esclarecido e o fim de nosso relacionamento era fato consumado.

Passado uma hora, percebi novamente sua aproximação. Subitamente, minha paciência se esvaiu e fui até o portão a fim de dar uma basta na situação. No trajeto, ouvi um estrondo medonho. Corri e ao chegar ao portão, presenciei a cena que ficaria para sempre em minha memória. Ana havia colidido de frente com um caminhão. Fiquei paralisado, enquanto observava sua cabeça pendida para o lado, completamente imóvel. Seu rosto estava pálido e seus olhos esbugalhados. Em seguida, a vizinhança ligou para a emergência e concentraram-se em volta do acidente. Ouvi alguém gritar que ela não tinha os sinais vitais.


E eu fiquei ali, absorto, vendo um dos meus problemas sendo resolvido.