sábado, 20 de outubro de 2012

Libertação




Ao sair da igreja, notou que não sentia seus pés. O vento soprava intensamente indicando que estava por emergir um dilúvio. Eugênio não se deteve e continuou seu trajeto preferindo até que chovesse para limpar de vez sua alma que já se encontrava quase alva. Sentia-se flutuar sobre a calçada com seus passos cadenciados. A alegria enfim havia lhe tomado por completo.

Passando em frente a um sobrado, ouviu gritos de uma mulher clamando por socorro. A rua estava deserta. Eugênio ficou estático por alguns segundos diante da casa. Os gritos acompanhados de pancadas foram se aproximando do portão. E ele rapidamente pensou:

- Quer saber, não tenho nada a ver com isso. Custei para me libertar daquela agonia e agora que me sinto bem não vou botar tudo a perder.

E saiu resoluto, esquecendo-se das palavras que mais ouvira naquela noite:

Compaixão.



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