sábado, 15 de junho de 2013

Não foi desta vez.


Com passos claudicantes, dirigiu-se ao guichê. De frente com a atendente, titubeou por um instante, enquanto sua mão trêmula procurava dentro do bolso da surrada camisa, o pedaço de papel. Com a voz embargada perguntou ao mesmo tempo em que entregava o papel à moça:

- Esse senhor trabalha aqui?

- O Doutor Wesley é o dono da clínica. O Senhor tem hora marcada?

Repentinamente o velhinho agarrou-se ao balcão evitando que seu corpo fosse de encontro ao chão. Apavorada, a atendente o acudiu, o levando para um sofá ao lado do balcão e com uma prancheta se pôs a abaná-lo.

- O senhor está só?

Sinalizou que sim.

Veio se consultar?

Após longa hesitação, sinalizou que não.

- Ah! O Senhor havia perguntado sobre o Doutor Wesley. Só um instante que vou chamá-lo.

 A atendente saiu em disparada pelos corredores do recinto a procura do doutor. Quando voltou na companhia dele, percebeu que o velhinho havia deixado a sala de espera. Saiu até a calçada olhou para ambos os lados e nem sinal do velhinho.

Retornando à recepção, surpreendeu-se com o Doutor sentado no chão em posição fetal, chorando copiosamente, enquanto murmurava:

- Pai, será que o senhor me perdoou? Por que não me esperou? Por quê? Por quê?

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário